sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ícaro, Dédalo e as famosas asas

Entre muitos dos registros que encontrei, muito embora, eles sejam todos muito resumidos e similares, achei este comentado, que pode ser bastante interessante, para abrir uma discussão, ou apenas ser o começo de uma reflexão, sobre o vôo.Ele levanta a ousadia de Ícaro (tão necessária para alçar novos vôos e mais altos) e a prudência de Dédalo (tão necessária para depois de estar no alto, não despencar) também interessante o que ele fala das asas como podendo ser as da imaginação que tentando obter o que parece impossível, acaba criando novos e ousados caminhos para novos e ousados objetivos. Lembrando que a pergunta que ficou, da nossa conversa sobre-voar, é "Por que escolhemos voar?", ousado? Para mim Santos Dumont é um grande motivo, mas podemos falar da ousadia de Ícaro( que para mim, é maior em Dédalo, que se deparou com um problema e buscou alternativa para resolvê-lo, mesmo que parecesse impossível, e que ele não desistiu) , aliás como Alberto. Podemos dizer também que as nossas asas que não conseguem ficar em terra firme, que precisamos do vento batendo em nossa cara...Bem aí fica um start(não stop..he) para esta nova viagem pelos ares!Testando nossa ousadia, prudência, desejo, força, razão.........


Icaro, Dédalo, e as famosas asas

O mito de Ícaro, e suas asas, é um dos mais famosos da Mitologia Grega. Segue-se um pequeno resumo do mesmo:Dédalo era um soberbo inventor, que trabalhava vulgarmente com o seu sobrinho Talo, do qual estava encarregado da educação.Talo, um dia, após passear pela praia, viu o esqueleto de um peixe, forma na qual se viria a inspirar para criar a primeira serra. Com alguma inveja, Dédalo tentou matar este seu sobrinho, atirando-o de um sítio alto. Contudo, antes que atingisse o chão, os deuses interviriam, e o jovem foi transformado numa perdiz, que voou para evitar a desgraça iminente.Culpado de homicídio, Dédalo foi obrigado a abandonar a cidade natal, indo refugiar-se em Creta, a ilha do famoso rei Minos . Aí, foi incumbido de construir um labirinto, onde o famoso Minotauro viria a ser aprisionado.Seria, mais tarde, impedido de deixar esta ilha, altura em que concebeu a sua mais famosa invenção, umas asas que lhe permitiriam voar. Pretendia, juntamente com o filho, usá-las para escapar da ilha. No entanto, as coisas não iriam correr bem para o pequeno Ícaro. Ignorando os conselhos de Dédalo, voou demasiado alto, o que fez com que a cera que prendia as asas derretesse, precipitando-o no mar. Quando a Dédalo, escapou da sua prisão e passou a viver na ilha da Sicília.Apesar deste mito apresentar diversos pormenores bastante interessantes, é sempre dada especial relevância às asas usadas pelos dois heróis. Somente muitos séculos mais tarde é que a humanidade foi capaz de cruzar os céus, mas ainda hoje se podem entender estas asas como sendo as da imaginação humana que, ao tentar obter o que lhe parece impossível, acaba sempre por criar novos, e mais ousados, objectivos.Ainda assim, é preciso ter algum cuidado com a forma como se pretendem alcançar esses propósitos - quiçá para tentar equiparar-se a Hélio, Ícaro voou mais alto, uma acção impensada que o precipitou para um mar eterno. Tendo o mito em mente, torna-se mais claro que os os humanos deverão, também eles, pensar nas consequências reais dos seus actos.Contudo, existe ainda um outro pormenor que deve ser analisado. Contrariamente à parte final do mito, em que Dédalo é mostrado como um genial inventor, o episódio que leva à sua expulsão de Atenas é o de um mero mortal. Contrariamente ao que sucede com Orfeu, Herácles ou Odisseu , Dédalo é mostrado como alguém com falhas humanas, entre elas a inveja. Tendo em conta que é esta a mesma figura que, anos mais tarde, incita Ícaro a um prudência certamente adquirida com o avançar da idade, surge-nos uma interessante dualidade - tem-se a curiosidade juvenil de Ícaro, oposta à experiência de um maduro Dédalo, que parece ter aprendido com os erros do passado.Enquanto que a ousadia de Ícaro é certamente um dos mais importantes aspectos da mente humana, é também necessário viver com a prudência de Dédalo, sem a qual algumas decisões se podem tornar muito perigosas. Há que saber quando se deve arriscar e quando se devem retrair os impulsos curiosos, e acaba por ser essa uma das mais importantes lições a tirar deste mito.

"O sonhador tem sempre uma nuvem a transformar. A nuvem nos ajuda a sonhar a transformação."

Gaston Bachelard